O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino

Esse livro é sensacional. Com certeza entrou na minha lista de livros preferidos de autores nacionais. O primeiro é Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. E com certeza, O Grande Mentecapto vem em segundo.

Primeiramente, segundo o Aurélio, mentecapto é uma pessoa que perdeu a razão, louca. Um tolo, néscio. Lendo, uma das minhas primeiras dúvidas foi: Será que ele realmente teve razão um dia?

"O nome verdadeiro de Geraldo Viramundo, embora ele afirmasse ser José Geraldo Peres da Nóbrega e Silva, era realmente Geraldo Boaventura, e assim está lançado no livro de nascimento em Rio Acima". (página 9)

Na linha da novela picaresca - vide o Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes -, em que o personagem desloca-se por um espaço indefinido, à cata dos conflitos, para resolvê-los heroicamente, Viramundo vive uma seqüência de peripécias acontecidas no Estado de Minas Gerais, contracenando com personagens dos mais variados matizes e comportando-se sempre como o bem-intencionado, o puro, o ingênuo submetido às artimanhas e maldades de um mundo que ainda não está de todo resolvido. Andarilho, louco, despossuído, vagabundo, idealista. Marginal em uma sociedade que não entende e em que não se enquadra, o Viramundo instaura um sentimento de ternura e de pena por todos aqueles que, em sua simplicidade, sofrem o descaso, a ironia, a opressão e a prepotência.

A pureza deste aventureiro é a crítica à hipocrisia das relações humanas em um mundo que perdeu o sentido da solidariedade e da fraternidade. Sua alegria ingênua e desinteressada opõe-se ao jogo bruto dos interesses malferidos, ao conservadorismo e à arrogância. Porta-voz dos loucos, dos mendigos, das prostitutas, o Viramundo conhece os meandros da enganação e da falsidade dos políticos e dos poderosos.

Uma das coisas mais interessantes sobre o livro é o modo como ele é contado. Sabino conta a história como se realmente Viramundo tivesse existido, sendo o autor apenas um biógrafo. Realmente é muito interessante e prende o leitor.


E o autor nos faz questionar a loucura. Qual o limite entre a loucura e a razão. Se é que existe uma divisão, claro. Alguns personagens, que se consideram "normais", são tão loucos quanto.

É um livro que recomendo. Quem gosta de ler consegue devorar o livro em, no máximo, uma semana.

6 comentários:

Ana disse...

eu gosto de ler...amo ler...mais nao gosto de livros velhos, do tipo cheio de traças...e sao os que geralmente acho nas bibliotecas do mundo,...enfim, tbm estou sem dinheiro e batalhando por um livro do calvin e haroldo...
hHAHAHAHAHHA
comentario inutil...beijos

Anônimo disse...

Valeu pela dica... vou procurar ler este livro também. Mas eu acho Quincas Borba melhor do que Brás Cubas... fica aí a sugestão, caso ainda não tenha lido... Abraços

Richard Aléxis disse...

Hum, estou precisando ler mais livros assim... Ultimamente o pouco tempo que tenho uso pra dormir...
Mas quem sabe um livro desses não aparece pra mim!

André Martins disse...

leia Quincas Borba e O Alienista, do Machado de Assis! Loucaura de primeira!
hehehehehehe

Mafê Probst disse...

gostei da dica :)
quando der, vou ler

Beijos

Gabriela Martinez disse...

Já tive este livro em mãos e não pude ler...uma pena.

bjos da sua amiga mentecapta!

*adoro aprender palavras novas hehehe

A pura arte da conversa à toa